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Comitê Central

por Ana Prestes, em 16.11.09

Desde quando comecei minha militância no PCdoB, há doze anos atrás, sempre tive que lidar com o fato de trazer comigo o sobrenome de uma figura emblemática do comunismo internacional, Luís Carlos Prestes.

 

No último Congresso do PCdoB - para muita surpresa e alegria minha - meu nome foi indicado para figurar entre os membros do Comitê Central.

 

Certamente a alusão ao sobrenome Prestes e meu ingresso no Comitê Central veio à tona. Pela primeira vez falei de público sobre isso e dei uma pequena entrevista que posto abaixo.

 

9 de Novembro de 2009 - 21h36

Ana Maria, neta de Prestes: “estou construindo minha história”

Não se limita ao rosto e especialmente aos olhos a semelhança entre Ana Maria Prestes e Luis Carlos Prestes. Está na defesa do comunismo – a principal herança de seu avô, uma das mais emblemáticas personagens políticas deste país – o maior ponto de convergência entre ambos.

 Ana Maria Prestes durante o 12º Congresso, novembro de 2009

Ana Maria: orgulho por estar no PCdoB

Aos 31 anos, grávida de quatro meses, Ana Maria acaba de ser eleita uma dos 105 membros do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil onde Prestes deixou marcas importantes. Mas, apesar de carregar o sobrenome do “Cavaleiro da Esperança”, Ana é enfática: “sinto-me honrada, mas tenho a consciência de que este é um novo momento e estou construindo a minha própria história”.

Filha de Ermelinda Prestes e de José Rabelo, a jovem cientista política nasceu na União Soviética durante o último exílio de Prestes, que durou quase 20 anos e terminou em 1979, com a instituição da anistia política. Veio da convivência com o avô a verve socialista. “A história dele influenciou muito não só a mim, mas a meus primos, aos filhos dele, desde o início de nossas vidas. Quando muitos de nós nascemos, já fazíamos parte de um certo contexto que o circulava e que nos impactou muito”, conta. Com isso, “começamos a conviver desde muito cedo com as ideias do comunismo, do socialismo e também com o ambiente político do qual ele fazia parte”.

Trajetória própria

Avessa a fazer do legado de Prestes a única razão de sua opção política, Ana Maria ressalta que “não tem como negar” a influência de seu pensamento nos membros mais jovens da família “porque isso é uma parte muito importante de nossa história”. Diz ainda ter “muito orgulho pela história de Prestes, muito respeito pelas pessoas que nos contam histórias de avós que fizeram parte da Coluna ou que conviveram com ele de alguma forma e muito carinho por essa referência”, mas “cada um de nós foi criando sua própria trajetória, com aquela semente plantada, mas seguindo seu próprio caminho”. No caso dela, militante do PCdoB há 12 anos, a trajetória teve início no movimento estudantil. Hoje, é diretora da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e membro do Comitê Estadual de Minas Gerais.

Indicada ao Comitê Central pela direção nacional na nominata apresentada para apreciação dos delegados no 12º Congresso, Ana Maria foi eleita neste domingo (8) e figura entre as 17 novas mulheres a ingressarem na instância máxima do PCdoB que conta agora com 32 nomes femininos. “Aumentou nossa inserção entre mulheres e tem sido uma marca muito forte do PCdoB a projeção de lideranças femininas e jovens. Isso ficou demonstrado nas últimas eleições municipais e agora também, na eleição do novo Comitê Central, composto por várias mulheres fortes e jovens como, por exemplo, a Lúcia (Stumpf), que foi presidente da UNE; a Manuela (D’Ávila) que é deputada federal; a Luciana (Santos) que foi eleita vice. Tenho muito orgulho de estar num partido que tem essa marca”.

Ana Maria diz ainda que “foi uma grande surpresa e também uma honra ter a notícia de que meu nome estava na proposta”. Ela conta que no sábado, durante as intervenções feitas pelos delegados, “tive a oportunidade de me dirigir à plenária do Congresso e disse que é um grande orgulho trazer comigo o sobrenome de Prestes, que foi um dos grandes comunistas brasileiros. Mas também dizia que, além disso, me considero parte de uma nova geração de comunistas brasileiros”. Conforme colocou, “as novas gerações devem ter em mente o que foi a trajetória de líderes como (João) Amazonas, Prestes e tantos outros que nos antecederam, mas sempre com muito pé no chão para não reavivarmos situações que já fazem parte do passado e não dizem respeito ao nosso momento histórico; sem tentar emendar trajetórias, mas sim se colocando como alguém inserido numa trajetória que tem, além do Prestes, uma série de outros construtores da luta pelo socialismo no Brasil”.

Racha de 1960

Uma das polêmicas que por muitos anos envolveu o nome de Prestes e sua relação com o Partido Comunista do Brasil está ligada ao racha ocorrido no 5º Congresso, realizado em 1960, quando um grupo liderado por ele articulou o afastamento de quase a metade dos membros do CC. A questão hoje está superada e Prestes é reconhecido como importante construtor da história da luta pelo socialismo no Brasil. “O tempo sempre traz maturidade. E vejo que os conflitos e as divergências devem ser vistos a partir do contexto de seu momento histórico. O PCdoB tem a sabedoria de observar os 87 anos de história dos comunistas no Brasil sabendo qualificar cada momento dentro do seu período histórico e sabendo ter uma postura altiva, madura, sem revanchismos ou conflitos fora de hora”.

Na opinião de Ana Maria, “este é um dos grandes méritos do PCdoB inclusive quando comparado com outros partidos comunistas pelo mundo porque as divisões e divergências aconteceram em vários deles e aqueles que mantiveram posturas mais fechadas e com menos sabedoria para lidar com elas tiveram mais dificuldade para ganhar a sociedade. Se hoje o Partido reúne entre seus quadros os maiores comunistas do Brasil e tem uma inserção na sociedade – que já é forte e vem crescendo – é porque conseguiu superar internamente esses episódios”.

Para a jovem comunista, “o 12º Congresso simboliza um momento importante na vida dos comunistas brasileiros marcado por muita unidade, muitas perspectivas e mesmo pela prosperidade das ideias socialistas. Se formos comparar nosso último congresso (11º), há quatro anos, estamos hoje mais fortes e mais unidos. Tivemos a capacidade de elaborar uma proposta unitária de novo Programa Socialista porque é extremamente importante neste novo momento da história do Brasil termos um novo programa forte, que nos guie e que faça com que todas essas ações que temos implementado nos últimos anos tenham mais consequência daqui para frente. O 12º Congresso foi fantástico”.

Da redação,
Priscila Lobregatte

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publicado às 19:37


2 comentários

De kenucha a 18.11.2009 às 00:46

Fofa...estamos aqui..tudo vai dar certo....bjinho

K& Cia

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Cientista política e militante comunista. Altamira é uma homenagem à minha vó, Maria Prestes, e a todas as mulheres que, na luta por justiça e democracia, abdicaram do próprio nome.

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